sábado, 23 de janeiro de 2010
Educar para não violar
Antes de planejar o que fazer,de tão igual importância é o observar.
Planejar requer:observar, tornar viável o planejamento, perceber o que está em andamento e muito, mais muito importante ter uma revisão de tudo isso em tempo determinado e alternativas para mudar o que não está dando certo, o famoso”plano b” e seus ajustes.
Mas quando fala-se em Estado, política e destino de um povo a coisa fica travada em algum lugar. Interesses políticos, pessoais, pretensões despontam no caminho e no cenário da coisa a ser feita.
Violência urbana é fruto de uma série de coisas e não somente de falta de oportunidades ou falta de instrução.
Vejo quase que diariamente quando estou trabalhando, a negligência com quem são tratadas muitas crianças. Parece que nem existe Juizado de menores, Conselho Tutelar, Estatuto da criança e por aí vai. Por que escolhi as crianças para falar? por que é na infância que tudo começa, é no pequenino que se molda o grande.
Sendo assim, diga qual o futuro de uma criança que está na rua com os pais as 23, zero hora? seja no barzinho, seja na parada de ônibus, seja na igreja. O conforto e a necessidade de dormir pelo menos dez horas por dia vão por águas abaixo, a falta de alimentação adequada por que se está na rua também vai no bolo, e o perigo a quem estão expostas então nem se fala!
Que futuro terá uma criança que apanha todo dia? e o vizinho não denuncia por que tem medo, mas existe estatuto, leis e todo um aparato em favor da infância.
Que futuro terá uma criança que amanhece e anoitece na rua soltando papagaio pela simples alegação que “criança tem que brincar na rua, senão não aprende as malícias da vida”?
Que futuro terá a criança que vai para a escola somente por que é lá que ela vai fazer a sua primeira refeição?
Que futuro terá um filho de uma família de doze, quinze irmãos numa zona que mais possui casinhas da Estratégia Saúde da Familia com planejamento familiar em seus programas, mas a mãe recusa por que “é vontade de Deus ter aquele monte de filhos” que certamente passarão fome.
Olhando pelo outro lado, por que não é só filho de pobre que vira marginal, já ouvi na escola do meu filho a seguinte frase:
“Você vai ficar de castigo, vai viajar para Fortaleza em vez de ir para Miami!”
Hum hum, ah um castigo desses no meu tempo de criança!!
Que valor moral terá esta criança quando crescer?
Que valor ela dará ao dinheiro do pai e da mãe ? Quando a sua obrigação de estudar e passar de ano e que nada mais é que sua obrigação é negociada com barganhas?
Percebe-se então que muito do que se vê na violência é fruto sim da
irresponsabilidade dos pais e da falta da cobrança em cima deles. Como se o filho fosse sua propriedade, sem ter que dar satisfação a ninguém, e pode criá-lo a sua maneira, ou na rua o dia todo para não ser “otário”ou barganhando com dinheiro para que ele consiga pelo menos aprender a gastar o que você vai deixar de bandeja e mão beijada para ele.
Você pode pensar em mil soluções para a violência, para a educação, para a saúde, mas não pode esquecer que a família é o ínicio de tudo e entrar na família não é coisa fácil. Pergunte a qualquer profissional de Saúde Pública se é fácil mudar os maus hábitos de uma casa em prol do bem estar dos que ali vivem.
O planejamento seja este feito anualmente ou em decênios sempre esbarrará na instituição família. Pois o jovem pode passar o dia na escola, mas voltará a noite e o fim de semana para casa, onde encontrará a disparidade do que aprendeu.
Educar a família?
Sim, este é o grande desafio de qualquer governo em qualquer parte deste planeta.
A fórmula todos estão atrás, ainda.
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